Por Jorge Vasconcelos
Ex-Membro da Comissão Trabalhadores
do GPP
O anterior Governo decidiu, em 2003, privatizar 37,6% do capital social da Enatur, detidos pela Parpública, acompanhado da subscrição de um aumento de capital reservado à cessionária, e por via do qual passou a deter 49,0% da mesma, e concessionar a exploração das Pousadas através dum processo muito nublado, que ainda hoje continua em grande parte no “segredo dos Deuses”.
Como é sabido, o consórcio vencedor foi o Grupo Pestana Pousadas, que integra como accionistas de referência a Caixa Geral de Depósitos, com 25,0%, e a Fundação Oriente, com 15,0% do capital social. Importa lembrar que a cessionária, Grupo Pestana, fez solenemente promessas publicitadas à época em vários órgãos de comunicação social, nomeadamente pela voz do senhor Presidente da holding, de não despedimentos nas Pousadas, e de valorização dos seus trabalhadores. Mas o que a história nos relata é que já foram feitos muitos atentados sociais, e nas mais variadas formas, incluindo o despedimento colectivo, o encerramento de Pousadas e de secções, a contratação externa de serviços, e consequente redução quase diária dos quadros de pessoal, via extinção dos postos de trabalho, com os inerentes encargos para a nossa Segurança Social, o que afectou muito negativamente a relação qualidade/preço na rede Pousadas.
As Pousadas de Portugal foram um ícone de qualidade ímpar da nossa Hotelaria e Restauração, representavam dignamente o nosso País nos quatro cantos do mundo e estão agora votadas à vulgaridade por causa dum processo de privatização que o António Ferro abominaria… O défice democrático, a insensibilidade social e a prepotência demonstrada pelo Grupo Pestana no que toca à gestão das Pousadas merece uma resposta determinada do Regulador/Estado.
Sem comentários:
Enviar um comentário